quarta-feira, 9 de março de 2011

Como dividir um filho

Eu e o pai do Theo nos conhecemos em meados de 1999 e ficamos por 9 anos juntos. Um casamento parecido com muitos que vejo por aí. Com momentos bons, e questões sendo superadas e a superar a cada dia. Mas quando o Theo nasceu, senti que nosso casamento não ia durar por muito tempo. (a boa e velha intuição que faz parte de mim e que já contei por aqui.)

Bom, tivemos a coragem de nos separar quando Theo tinha 4 anos. Sim, porque para dar um basta numa relação é preciso muita, mais muita coragem. E decidimos ir atrás da felicidade em outros caminhos.

Dias, semanas e meses logo após a corajosa decisão, tivemos momentos muito difíceis que foi preciso dois advogados entrarem em cena para discutirem pensão e o tempo que o Theo ficaria com cada um de nós. ( as minhas economias se foram para pagar a advogada.)

Hoje, pensando talvez poderíamos ter resolvido isso amigavelmente, mas foi um momento delicado de adaptação numa vida nova. E como uma separação é sempre dolorosa, foi preciso uma pessoa sem o envolvimento emocional para “colocar ordem na casa.”
Com tudo o que veio depois, que não foi pouca coisa, o que mais interessa no texto de hoje é entender “como dividir meu filho”.

Bem, os acordos foram fechados rapidamente e os advogados não tiveram muito trabalho, porque no fundo queríamos as mesmas coisas, mas a comunicação naquele momento era impossível. Fechado o valor da pensão, foi a hora de decidir os dias em que o Theo passaria com cada um, já que eu não abriria mão de ter meu filho perto de mim. O “contrato” assinado e averbado pelo juiz é bem “louco”, como diria uma amiga minha. No dia do aniversário de tal horário a tal horário com o pai, de tal a tal com mãe. E assim para todos os feriados, incluindo dia das crianças, páscoa, Tiradentes, férias, enfim...

No começo fizemos como o juiz mandou, mas hoje passados quase 3 anos da separação conseguimos conversar amigavelmente sobre as coisas do nosso filho e nos acertamos com relação aos dias em que ele ficaria com um e com o outro. E sempre quebramos um galho quando eu ou ele precisamos viajar a trabalho. Mas oficialmente é assim:

Ele passa 10 dias comigo e 5 com o pai. Então de 15 em 15 dias ele vai para lá na quarta e só volta na segunda. Nesse carnaval por exemplo, o pai pediu e eu deixei ele ficar 8 dias por lá. Nas férias é metade das férias com cada um. Eu como uma boa mãe leonina MORRO de saudades, me seguro para não ligar todos os dias. É uma saudade que só quem é mãe entende. Não adianta contar pra quem não é.

Sempre sofro, sempre penso: Ah se o Theo estivesse aqui... Ah, Theo ia adorar isso...
Quando chega no domingo à noite, choro com saudades. Sinto falta mesmo. Do cheiro, da voz, até das brigas com o irmão mais novo. Uma saudade que dói. E quando ele está, sempre penso que ele vai ficar longe de mim por uns dias e isso me faz cada dia estar mais perto e presente com ele. Estou longe de ser uma mãe perfeita. Às vezes a bruxa que mora em mim, vem visitar a gente. Daí vem a culpa, a conversa e o pedido de desculpas.

Sobre a separação temporária com o meu filho, deve ser a vida me preparando para quando ele for ao encontro dela. Porque assim como eu saí de casa para descobrir o mundo, Theo também terá o seu momento.

Para ele é a vida normal. A vidinha dele é assim que se apresenta. E ele é super bem resolvido com ela. Tem duas casas, dois quartos, brinquedos nas duas casas e muitas pessoas que os amam. E é assim que é!

Não tenho ciúmes da namorada do pai e nem das relações que ele tem lá, porque penso quanto mais gente amar o meu filho nesse mundo, melhor. E tenho certeza de que ali ou lá ele é sim, muito amado.

Tenho amigas que são infelizes no casamento, que ainda falta a tal coragem e já ouvi a frase: “só não me separo porque não suporto a ideia de dividir meu filho com o meu marido e talvez com uma namorada que ele possa ter.”

E eu digo uma coisa: mesmo com tudo o que passei e o que eventualmente ainda passo, eu não teria feito nada diferente, porque um dia a gente vai ter que dividir nosso filho com a vida. E deixar de ser feliz por egoísmo ou superproteção, não é comigo. Olha que sou uma mãe leonina!

Só mais uma coisa para dizer, ex marido com filho é para sempre. Então uma convivência útil faz bem pra todo mundo e principalmente para o filho. Porque o Theo vai se formar, casar e lá estaremos nós, como pais do Theo. E foi por ele que encontrei meu primeiro amor: meu filho. Por isso, sou eternamente grata.

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